A Mulher do Dono

Em sua juventude, ela foi modelo de prova da Maison Lanvin e de dois outros grandes ateliers de alta costura de São Paulo. Logo depois, foi capa das revistas Nova e Manequim; chegou a ser convidada para posar nua em revista masculina, mas o casamento a impediu de realizar este feito.

Sua beleza sempre chamou atenção e ela chegou a desfilar duas vezes em passarelas de Paris e também nas primeiras edições do São Paulo Fashion Week.
  
Logo depois do casamento, veio com o marido jornalista transferido para Brasília e, aqui, construiu família e uma nova profissão, onde se formou em jornalismo fotográfico. Atualmente, é uma premiada e reconhecida fotógrafa que acompanha o dia a dia do Congresso Nacional.  Nos corredores da Câmara ou do Senado, sempre encontra alguém que a reconhece da época de modelo, das suas capas de revista e, mais recentemente, das suas fotografias premiadas em concursos internacionais. 

Há alguns meses, seu esposo abriu um restaurante na cidade e ela sempre vai visitá-lo. Na sua última passada pelo restaurante, era hora do almoço e o local estava bem movimentado. Como ela é uma mulher muito ativa e inquieta, resolveu ajudar, já que a demanda estava grande e uma longa fila de espera se formava do lado de fora.

Dois empresários bem-sucedidos aguardavam atendimento. Lá estava aquela bela mulher para atendê-los e, claro, fora reconhecida por um dos homens, coisa que sempre acontece. 

Então, um disse ao outro: 

- Estou reconhecendo esta mulher! Ela foi modelo e também capa de revista. Lembro dela circulando pelos badalados restaurantes de São Paulo. A impressão que tenho é de que o tempo não passou para ela, pois continua belíssima e muito charmosa.

Ela escutava tudo e aquelas palavras lhe chegavam aos ouvidos como um bálsamo, um misto de alegria e orgulho por ainda ser reconhecida por sua beleza na juventude. 

O outro respondeu: 

- Realmente ela é muito charmosa e bonita, mas acho que você está confundindo: ela é a mulher do dono do restaurante. 

Aquele comentário fez tudo cair por terra, pois de mais bela modelo na juventude em São Paulo a premiada fotógrafa em Brasília, ela se tornou apenas “a mulher do dono”.

E a mulher do dono - continua a encantar e circular entre os núcleos de poder de Brasília e as mesas do restaurante de seu marido. Segue feliz, bem-humorada, com muita vitalidade e o mais importante -  bela, como nos áureos tempos de juventude.


Assim vive a agora mulher do dono.  

Comentários

Edileide Vilaça disse…
Gargalhei horrores. Fantástica narrativa. Conheço bem a "mulher do dono" e famosa estrela dos muitos cliques do Congresso.

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