Morada dos Baís
Sempre que vou a Campo Grande passo por
um antigo casarão amarelo no Centro da Cidade e nunca consigo encontrar tempo
na agenda para visitar. Nesta última ida a cidade resolvi passar no tal casarão
que hoje é um museu: a Morada dos Baís.
É um prédio que fora mandado construir
pelo Sr. Bernardo Baís para servir de moradia para a sua família entre 1913 e
1918 e segundo informações foi o primeiro sobrado em alvenaria da cidade. Na
visita verifica-se em algumas salas os tijolos antigos que estão aparentes porém
bem preservado.
A boa surpresa da visita é que neste
local tem espaço para exposições temporárias sendo a exposição permanente é a mais interessante.
Por todos os espaços encontram-se painéis pintados diretamente nas
paredes do sobrado. Estas pinturas foram
feitas pela filha do dono da casa a pintora Lídia Baís que é considerada a primeira
artista plástica do Estado do Mato Grosso do Sul.
Ela é uma mulher que é considerada
vanguardista pois saiu de Campo Grande para estudar Belas Artes no Rio de Janeiro
numa época que as mulheres tinham suas atividades ligadas as questões
domésticas apenas.
São várias as salas: uma que representa
o quarto de Lídia com móveis antigos, objetos pessoais e fotos da família Baís
que retratam viagens pelo mundo, a sala mística, a sala das paixões todas elas
com pinturas feitas por Lídia Baís que viveu até os 85 anos.
Três fatos interessantes que soube nesta
visita:
1.
Lídia que era uma mulher muito a frente
do seu tempo e que tinha tudo para se notabilizar como uma grande artista
plástica em 1950 logo após fundar o Museu Baís em Campo Grande, que não chegou
a ser aberto ao público, ingressa na Ordem Terceira de São Francisco de Assis,
adotando o nome de Irmã Trindade. A partir daí, passa a dedicar-se
exclusivamente aos estudos religiosos e filosóficos;
2.
Em uma de suas pinturas uma santa ceia a
artista desenha Jesus, os doze apóstolos e por traz de Judas um desenho do
diabo;
3.
O pai de Lídia Baís o Sr. Bernardo Baís
que construiu o casarão e também era um rico comerciante e empreendedor foi um
dos responsáveis pela construção da estrada de ferro em Campo Grande que por
sinal passava ao lado de sua casa. Por ironia do destino anos depois do
funcionamento da estrada de ferro o seu criador morre atropelado por um trem na
porta de casa.
Comentários
Que ótimo o seu comentário, podemos viajar no pensamento do seu texto e vivenciar esses momentos. Muito mágico mesmo, como um bom livro!! Bj bj
Que ótimo ler aqui um pouco das suas crônicas, se é que podemos chamar os seus textos de crônicas, acho que sim. Sinto-me como se estivesse lendo um bom livro, viajo nessa riqueza de detalhes!!! Bj bj
Você conseguiu captar e transmitir com sensibilidade a vida naquele casarão. Conheci ele largado e acompanhei a sua restauração. Foi um ótimo trabalho.
Como você já sabe tenho muito carinho por Campo Grande. Quando você for voltar a "cidade morena" me avise e te passo uns locais interessantes de se visitar.
Grande abraço e uma ótima semana que começa em clima de final de semana vem ai..rsrs.
TUDO BEM! ADOREI SUA CRONICA, E SENTI O TREM SILENCIOSAMENTE ATROPELANDO SEU CRIADOR!!!
BJS.
CID