Aracaju com seus sabores e saberes

Aracaju é uma cidade que é sempre referência pelos grandes eventos que são realizados nos meses de junho e julho por conta das festas juninas.

www.catadorasdemangaba.com.br/

Estive trabalhando na cidade e resolvi passar o último final de semana para curtir um pouco, e conhecer mais a gastronomia e os sabores sergipanos.

Logo no primeiro dia já fui apresentado a uma fruta típica da região: a mangaba. Que é uma palavra indígena e significa coisa boa de comer. E junto com ela os seus sabores e produtos.

Desta fruta se faz um saboroso suco, bombons, trufas, geleias, bolinhos recheados, biscoitos, licores e uns casadinhos que são de um sabor fora do comum.

Conhecer estes sabores proporcionados pela mangaba é também desbravar o universo das suas catadoras, que são mulheres inseridas num projeto que buscam a geração de renda, a preservação ambiental, a produção dos saberes e os sabores tradicionais do seu povo, a valorização da cultura local, bem como a melhoria da segurança alimentar.

Além da mangaba os frutos do mar foram também visitados e saboreados.

No Bar do Alves, na Coroa do Meio, fui apresentado ao pastel de camarão que vale como uma refeição, pois o mesmo é só recheio do mais puro e saboroso camarão. Junto ao pastel vem como acompanhamento uma porção de vinagrete – confesso que achei estranho a princípio, mas o bom é que combina. E para acompanhar, um suquinho de mangaba para completar o cardápio. 

Procure ser atendido pela Cláudia. A garçonete é uma simpatia e com seu sorriso vai recebendo e atendendo os seus clientes.

Encontre espaço na agenda para fazer uma visita ao Mercado Municipal e almoçar no Restaurante Caçarola. Logo na entrada uma escadaria decorada com imagens de xilogravura, e lá em cima é como se fosse um grande pátio ao ar livre de onde se avista uma linda imagem do Rio com suas águas azuis, e a cidade de Barra dos Coqueiros ao fundo. As mesas todas são cobertas com coloridas e bem cuidadas toalhas de chita.

Os garçons e garçonetes muito solícitos já lhe apresentam um cardápio cheio de pratos com nomes sugestivos.

Um dos mais famosos é o “camarão de cueca”, que é acompanhado de um pirão que, além da farinha, tem também castanhas o que dar um sabor impar.  Para quem não gosta de frutos do mar tem a também conhecida “Galinha de mulher parida” que é bastante pedida.

E as sobremesas!? Estas nem se falam. Tem um pudim de chocolate que se chama “negão gostoso”, tem a “moça virgem”, que é um sorvete de tapioca com calda de banana e canela, e também a “velha fogosa”, que é uma tapioca com um sorvete por cima acompanhado de doce de caju e cobertura de creme de jaboticaba e canela.

É uma viagem pelas comidas típicas do nordeste, porém todas elas revisitadas pela criativa Chef de Cozinha Maggy, que ao final passa de mesa em mesa e pergunta: 

- Está tudo bem?

Claro que o papo não fica somente nisso, pois ela já vem contando mil histórias desde como conheceu os fornecedores de mangaba, sururu, camarão, da noite de insônia que teve e aí resolveu ir no meio da madrugada para a cozinha, e lá criou uma nova receita, da forma que batizou cada uma das suas criações,  até o desafio que foi abrir o restaurante.

E terminando o papo ela usa um termo bem típico da linguagem local para exemplificar o desafio que fora colocar o restaurante para funcionar:

- Teve momento que eu precisava estar “virada no raio da Silibrina” para por tudo isso funcionando.

Que rica, saborosa e proveitosa viagem.